segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Um cão sem dono

Largado ali, uivava entre pedras e sal.
Estava nu, como no dia em que
nascera, mas com toda
a vergonha possível a
lhe assombrar a forma estranha
e concreta, a frieza do mundo.
Não havia sombra que lhe abrigasse,
não havia água para sua sede,
não havia caminho sequer.
Sentou sobre o próprio tumulto.
Olhou para o céu. Sem resposta.


domingo, 15 de agosto de 2010

Conspurcado

A lágrima seca

Tornou-se areia.

Um deserto crescia em espiral

E movia-se conforme

Lhe doía tudo aquilo

Tudo junto

Sem nome.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A boa nova

O que não compreendo, me comove.

Tudo que me busca

Todos os dias

Nos cantos mais escuros,

Tudo que vai a escuridão

Por minha causa,

Tudo que mergulha na lama

Por amor a mim,

Que se atira,

Que mergulha,

Tudo que me toma do medo

De existir,

Me comove.