sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Brigadeiro

Pôs as dores na panela
com açúcar a mexer com
colher de pau, a raspar
o fundo da panela para não queimar.
Não pôs cravo para dar bom cheiro,
nem erva doce, para marcar o sabor.
Depois, embolou um a um na palma de sua
mão e pôs na janela.
O cheiro entrou pelas frestas escuras,
pelas réstias de luz e sombra. O
Espírito em seu coração saboreou
e sorriu. Sentaram juntos e comeram
calados.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Anti-suspiro

A palavra foi arrancada
nada restando, senão fonemas atordoados
perdidos no chão do momento.
O grito, o murmúrio, o lamento,
qualquer coisa para substituir
não deu conta a dizer.
Dizer é importante.
Não dizer também.