quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Madrugada

Uma noite, tivera um sonho e acordou abestalhada.

A canoa virou, levando toda a farinha a misturar com a água

amarela do rio, o saco de roupas, a trouxa com lata de farofa,

as bananas. E a criança, não havia a criança.

Acordou entre gritos, desespero, dor moída.

Somente o saco plástico com os documentos, conseguiu agarrar.

Voltava para casa, muda e triste, como as árvores dos barrancos prestes

a virarem balseiro, a espera da próxima enchente.

Acordou assim. Olhou ao lado, a rede vazia a balançar.

Levantou, calçou as botas sete léguas, pegou o

saco de estopa e foi para o barranco apanhar o feijão.

Com sorte, talvez uns ovos de tracajá.

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